Pesquisa revela altos índices de assédio moral e risco de adoecimento mental no Ministério Público

A Comissão de Saúde do Conselho Nacional do Ministério Público apresentou, em uma live realizada na quarta-feira (20), os primeiros resultados da pesquisa “Atenção à Saúde Mental de Membros e Servidores do Ministério Público: Fatores Psicossociais no Trabalho no contexto da pandemia de Covid-19”. Os resultados apontam índices preocupantes de assédio moral e risco de adoecimento psíquico entre os servidores. 

A conselheira Sandra Krieger, presidente da Comissão, destacou em seu discurso de abertura que “a atenção à saúde mental é fundamental para se promover a felicidade e o bem-estar das pessoas e, de igual modo, é estratégica para se garantir o bom funcionamento das instituições públicas e privadas”. Segundo ela, no âmbito do Ministério Público, portanto, “é indispensável pôr em marcha ações sistemáticas e duradouras definidas por políticas organizacionais voltadas a esse fim”.  

A professora Jaqueline Tittoni, Doutora em Sociologia e coordenadora da pesquisa, explicou que o estudo foi realizado no ano de 2021, durante a pandemia de Covid-19, em um momento em que o Brasil registrava em torno de 1000 mortes diárias pelo novo coronavírus: “essa pandemia atingiu os nossos modos de viver de forma muito intensa e a saúde mental também foi profundamente atingida. A questão da saúde mental permanecerá mesmo no pós-pandemia, por esses motivos, pesquisar sobre saúde mental e trabalho mostrou-se ainda mais importante”.  

Resultados  

A pesquisa, de âmbito nacional, teve o total 4.077 respondentes. Entre os participantes, 82,3% são servidores, 12,7% são membros e aproximadamente 4% são servidores comissionados e estagiários. 

A maioria das respostas, 86,5%, foram prestadas por integrantes do Ministério Público Estadual, 5% do MPT, 2,7% do MPDFT, 1,7% do CNMP, 2,7% do MPF e 0,8% do MPM. Traduzindo esses dados por região, verificou-se proporção que garantiu a representatividade estatística da pesquisa: Sudeste – 29,1%, Centro-Oeste – 21,8%, Nordeste – 21,3%, Sul – 18,7% e Norte – 9,1%. Na apresentação, destacou-se a participação feminina no estudo, uma vez que quase 60% dos respondentes foram mulheres. 

Os dados mostram que 85,6% dos participantes encontravam-se em risco aumentado para o desenvolvimento de adoecimento mental. A pesquisa revelou ainda que 73% dos participantes apresentaram humor depressivo ansioso, 52% assinalaram pensamentos depressivos, 56% indicaram possuir sintomas somáticos e 48% apontaram um decréscimo de energia vital”, alertaram os pesquisadores. 

Outro dado preocupante é que 50,1% dos servidores disseram já ter sido alvo de atos hostis considerados assédio moral e 27,1% sofreram violência psicológica no trabalho.

Para o coordenador executivo da Federação Nacional dos Servidores dos Ministérios Públicos Estaduais (FENAMP), Alberto Ledur, “a pesquisa é reveladora de uma realidade há muito denunciada pelos sindicatos de servidores do Ministério Público e demonstra a emergência da discussão de uma política nacional de atenção à saúde de membros e servidores da Instituição, que tenha potencialidade de rever práticas e políticas de recursos humanos”. 

O relatório completo da pesquisa será divulgado nos próximos dias. 

Com informações: Ascom

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